Acredito em fadas, gnomos, gênios, sacis, reinos encantados, mundos paralelos e na responsabilidade da palavra.
Por reconhecer o poder que ela exerce sobre nós, tenho como critério a qualidade do conteúdo na escolha dos livros que recomendo. Busco material que possa contribuir para o aprimoramento humano.
Desde 2010 faço um trabalho de garimpo, recolhendo "pedras preciosas" que identifico com meu olhar atento.
Este é um projeto independente, no qual não mantenho vínculo de divulgação com editoras, livrarias ou escritores. Os livros compartilhados são adquiridos por mim e fazem parte do meu acervo particular.
Sejam bem-vindos!

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28 novembro 2016

De Medos e Assombrações

O medo é um tema que alguns gostam e outros não, alguns acreditam que deva ser evitado na escrita para crianças e outros não. Assunto bom para debates! Mas não há divergência quando olhamos para nós e percebemos que medos existem bem lá no fundo de nosso ser, alguns guardados e outros esperando sua vez para se mostrar. Ninguém pode negar seus medos! E como lidar com este que pode ser um inimigo, quando nos deixa acuados ou um grande amigo, quando conseguimos supera-lo e dar mais um belo passo nesta nossa empreitada chamada vida!
Neste livro há seis contos escritos pela grande Cora Coralina. Aqui foi feita uma seleção de textos sobre o medo, que também podem ser encontrados no Tesouro da Casa Velha, onde só fica faltando o Procissão das Almas, que eu pessoalmente gosto muito, porque alma é um assunto que me interessa!
Nesta edição estão As Capas do Diabo, O Capitão-mor, Medo, O Corpo de Delito, Candoca e Procissão das Almas. São narrativas que não devem nada a Edgar Allan Poe, só pra você ter uma ideia do clima que se forma no decorrer das páginas! Cora, como sempre, vai nos envolvendo com seu jeito poético, simpático e sincero de contar. Fica muito difícil de não se arrepiar de medo ao mergulhar nas cenas descritas!
A composição texto/imagem fica perfeita com o belo trabalho do ilustrador Soud, um carioca, que vive em São Paulo e publica nos mercados nacional e internacional. 
De Medos e Assombrações é um livro ótimo para quando se quer deixar a imaginação correr solta entre medos e mistérios!


ilustração do Procissão das Almas

25 novembro 2016

A Águia Que Não Queria Voar

Esta história foi escrita por James Aggrey, 1875-1927, missionário e pedagogo, nascido em Anomabu, uma cidade de Gana, África. Ele escreveu este texto numa época em que a África tinha todos seus países dominados por nações europeias e o negro era visto como raça inferior. Aggrey quis chamar atenção de seu povo para questionar e refletir sobre esta condição imposta, que não tinha nada de verdadeiro em seu teor.
O livro traz a história de uma águia, que criada desde filhote entre galinhas, como uma galinha, se recusa a abrir suas imensas asas e voar grandes alturas, como é característica de sua espécie. Uma ave nobre é transformada em galinha, que consegue apenas voos rasantes.
Incrível pensar nisto! Um ser de bela magnitude aprisionado em sua essência numa condição inferior. E se transferirmos esta narrativa para a vida humana encontraremos exatamente o mesmo. Quantos de nós com potencial imenso vivemos em quadrantes limitadores, fazendo sufocar a alma, tão carente de expansão e crescimento! Como queria Aggrey, podemos refletir e buscar meios para nos libertar de prisões internas armadas pelo externo opressor.
Leitura inspiradora e rica em conteúdo com ilustrações do fantástico Wolf Erlbruch, que escreveu e ilustrou o magnífico O Pato, a Morte e a Tulipa, exposto neste blog também.
A Águia Que Não Queria Voar é uma obra  importante para sua biblioteca! Acredite.



08 outubro 2016

Falando sobre Contação de História


Ala Voloshyn e Priscila Cardoso conversando sobre Contação de História

Assista os dois vídeos, que mostram a entrevista no programa Mulher em Questão, apresentado por Priscila Cardoso, na Rádio ABC, AM 1570, no dia 7 de Outubro de 2016. Falamos sobre contação de histórias. Um encontro iluminado, onde demos o melhor de nós.

Video 1 -  https://www.facebook.com/pri.alianca/videos/1400737626620297/

Video 2 - https://www.facebook.com/pri.alianca/videos/1400755146618545/

01 setembro 2016

A Criação do Mundo - Contos e Lendas Afro-brasileiros

 Escrever sobre este livro é tarefa muito agradável. Leitura em que não se sente o tempo passar. O autor nos leva para as cenas dos contos com facilidade e assim podemos ser capazes de circular por entre os personagens sem que nos percebam e viver todos os momentos da criação do mundo, através da mitologia dos orixás.
Adetutu, uma jovem africana, é capturada por caçadores de escravos e levada ao Brasil num navio negreiro. Durante árdua viagem sonha com a criação do mundo pelos orixás. Ela se transporta  e acompanha todos os momentos da criação. De cada orixá ganha um presente que os representa e guarda  em uma sacolinha que leva consigo.
Adetutu tem a honra de encontrar os deuses de seu povo, Oxalá, Xangô, Iemanjá, Iansã, Exu, Ogum, Oxóssi, Ossaim, Ibejis, Iroco, Nanã, Omulu, Oxumarê, Euá, Obá, Oxum, Logum Edé, Ifá, Odudua, Oxaguiã. Cada um com seus mitos, ritos e objetos sagrados.
O navio negreiro chega ao Brasil, na cidade de Salvador, Bahia. Adetutu, se torna Maria da Conceição e protagoniza, como iniciada nos rigores da religião africana, a ancoragem do Candomblé, em terras brasileiras.
O autor Reginaldo Prandi, professor da USP, escreveu muitos livros de sociologia e mitologia, entre eles,  Mitologia dos Orixás e Segredos Guardados, que é uma excelente sugestão para quem deseja se aprofundar no panteão africano. Também escreveu livros infantojuvenis abordando temas da mitologia africana. Joana Lira, ilustra o texto compondo a obra com primazia.
Também acompanha o livro um apêndice, que nos esclarece sobre os deuses da mitologia afro-brasileira.
Mais uma sugestão de leitura deixo aqui. Estou certa que lhe encantará!






23 julho 2016

Os Meninos Verdes

Certa vez, os netos da vovó Coralina lhe pediram para contar a estória dos Meninos Verdes. Vovó deixa claro que não é uma estória, e sim um acontecido e sigiloso! Conta, mas só para eles!Tudo acontece na Casa Velha da Ponte, mais precisamente, na horta. Seu Vicente, que sempre cuidou de todas as plantações, foi quem encontrou os Meninos Verdes, quando um dia viu duas plantas muito diferentes, que quis jogar fora, mas vovó Coralina não deixou e pediu que observasse o que aconteceria com elas. Depois de alguns dias seu Vicente mostrou, todo espantado, a natureza daquelas plantas. Vovó viu! Eram menininhos verdes, bem pequeninos, gelatinosos, com dentes pontudos e unhas como garras de passarinho. Sete ao todo, quatro menininhas e três menininhos. E assim ficaram na casa, sendo muito bem cuidados. Os menininhos cresciam vitalizados e aos poucos vovó Coralina foi se vendo em apuros, tamanha a esperteza dos pequeninos. E não é que o acontecido chegou ao conhecimento da Primeira Dama? E é claro, depois ao Presidente da República? E é claro, ao corpo científico nacional e é claro, internacional, depois? Bem, o que era sigiloso, se tornou um estudo muito curioso, pois afinal, quem eram os Meninos Verdes? Duendes? Gênios Verdes? Ou simplesmente Meninos Verdes?
Cora Coralina, chama este conto de estória, mas eu digo que é uma história, porque acredito que Meninos Verdes existem e se você tiver uma horta ou jardim, quem sabe pode tê-los bem perto de você!
O texto é de Cora Coralina e as ilustrações de Cláudia Scatamacchia. O livro é lindo demais. Um encanto, como tudo de Cora Coralina!
 
Ilustração
 

18 julho 2016

O Rei Mocho

O Rei Mocho (conto originário dos sena, etnia do centro de Moçambique) é o primeiro volume de uma coletânea de dez volumes intitulada Contos de Moçambique, resultado de um projeto de colaboração entre a Escola Portuguesa de Moçambique e a Fundació Contes pel Món, de Barcelona, Espanha. Em 2016 temos a primeira edição brasileira desta coletânea que começa com este inspirador conto, a nos mostrar um reino de pássaros ao ver sua harmonia modificada por uma intervenção vinda de uma dedução, que faz acreditar haver má fé na consagração de mocho como rei dos pássaros, empossado para defender e manter a segurança da comunidade por ter chifres, mas que de fato eram penas em forma de chifres. Aqui o questionamento se faz no sentido da intervenção ou seja, levanta a dúvida do quanto é benéfico intervir com julgamento numa situação que, de certa forma corre bem. Faz indagar até que ponto nosso conceito de verdade pode provocar danos, pois nem sempre o que imaginamos ser um dano, pode de fato ser, e quando interferimos baseados em nossa visão podemos causar um desequilíbrio, muitas vezes de difícil solução. Ungulani Ba Ka Khosa, nome tsonga ( grupo étnico do sul de Moçambique) de Francisco Esaú Cossa, que reconta este conto introduzindo a figura humana como elemento a causar o desequilíbrio no reino dos pássaros, mesmo não existindo na forma original, por perceber o Homem como responsável nos desequilíbrios no ambiente ao seu redor. Destaco as palavras do autor ao explicar seus sentimentos ao ler o conto O Rei Mocho, por considerá-las de grande importância na reflexão que esta obra pode causar: "...o que mais me afetou foi esse saber secular demonstrado na história de que o crime moral, étnico, é tão ou mais cruel como os outros crimes. E a reparação desses males, seguindo a moral da história, valem por uma vida inteira. É uma lição que os tempos modernos tendem a anular." E ao se referir à intervenção arbitrária, ele continua dizendo em outro trecho: "...Imaginemos que o mocho tinha certeza de que os tufos de penas que alcandoravam na cabeça eram chifres à dimensão da sua espécie, e que outros pássaros tinham deste fato consciência. Mas o homem, querendo impor a dita verdade, dita outras regras..." Para completar a magnitude deste livro, as ilustrações são realizadas com pinturas em técnica de batique, de colorido fantástico, pelo artista moçambicano Americo Mavale. Fica pra você esta indicação, que me causou grande admiração.
Ilustração



15 julho 2016

O Catador de Pensamentos

Você conhece o Sr. Rabuja? Se não conhece precisa conhecer! Ele é um homem já idoso que faz algo muito especial. É um catador de pensamentos. Acha estranho? Pode parecer, mas é admirável seu ofício. Toda manhã, sempre as seis e meia, Sr. Rabuja passa pelas ruas da cidade onde mora catando pensamentos. Ele pode ouví-los, estejam onde estiverem, e quando os percebe, através de um suave assobio os atrai para sua mochila. É assim o dia inteiro. Depois os leva para casa e lá os separa por letras. Sim, letras! Prateleira A para pensamentos amáveis, agressivos.... Na prateleira B ficam os pensamentos bobos, bondosos.... Na C organiza os corajosos, caóticos....e assim até Z. E o mais bonito de tudo isso é que logo depois que descansa, planta todos esses pensamentos em canteiros de seu jardim e bem cedinho, um pouco antes do Sol surgir, Sr. Rabuja acorda e corre para ver as lindas flores que brotam, de todas as cores e formas. Tudo é encantador até que estas flores se transformam em partículas que sobem pelo ar emanando suaves sons! Não é fantástico! E estes pedacinhos de flores/pensamento entram pelas frestas das casas enquanto as pessoas ainda dormem, se depositam em suas testas estimulando sonhos e novos pensamentos.
A ideia de Monika Feth em escrever este texto foi demais feliz. Ela nos leva para um mundo que muitas vezes não nos damos conta, mas que está o tempo todo em nós e a nossa volta: os pensamentos que criamos, que tem vida, muito mais do que podemos imaginar! E com as ilustrações de Antoni Boratynski, tudo se torna deslumbrante.
Este é um livro que me fascinou logo na primeira leitura e estou certa de que você também gostará, especialmente se aprecia temas profundos e multifacetados, expostos de maneira inteligente e sensível.

sr.  Rabuja chama os pensamentos

 

15 junho 2016

Dunas de Água


"As palavras se diluem no ar e Zohra mergulha num sono profundo. Sonha com o pai e outros tuaregues jogando as redes nas águas do mar. Depois, eles as recolhem cheias de peixes e estrelas. Guardam os peixes nas cestas e jogam as estrelas para o alto, uma por uma, e elas vão se pendurando no céu." Não é lindo o texto? É um pequeno trecho deste livro, que é encantador desde a primeira página até a última. A narrativa e as belas ilustrações compõem esta obra que fala de uma menina tuaregue chamada Zohra. Ela ajuda sua mãe nas tarefas, conhece bem o calor e a areia do deserto que constrói as dunas, imagem constante para a menina delicada, mas muito esforçada. Numa tarde, pela primeira vez, a menina toma chá com a mãe, os avós, sua amiga Tinedla e suas tias. Enquanto a avó conta uma história antiga quando o deserto era um imenso mar azul, onde o vento formava grandes dunas de água, Zhora no embalo das palavras adormece e sonha. O mar toma conta de sua mente e a menina, encantada, vê seu pai tornar-se um pescador em cenas de peixes e estrelas. Quando é acordada pela mãe, deseja conhecer o mar com o pai. Zhora vive entre dois mundos: o que conhece e o que deseja conhecer. Quando o pai volta com a caravana que foi buscar sal, traz para a filha uma linda concha. É através dela que a menina ouve o som do mar quando a aproxima do ouvido e deseja mais ainda vê-lo. Seu pai lhe promete que quando completar treze anos a levará consigo em caravana para conhecer o mar. E assim, ela espera chegar o dia de sentir a água salgada, ver as estrelas e os peixes que vivem em seu sonho. O texto é de Javier Sobrino, espanhol, nascido em 1960. Professor e escritor de educação infantil. As belas ilustrações são de Alfonso Ruano, também espanhol, nascido em 1949. Mergulhem no sonho de Zhora e se encantem com este poema em forma de livro.

31 maio 2016

O Violino Cigano (e outros contos de mulheres sábias)

Contos recontados por Regina Machado e ilustrados por Joubert. São um primor e todos nos trazem a inteligência feminina. Regina os escolheu fundamentada em certas qualidades que considera femininas, como escreve: "receptividade, eloquência, sensibilidade, paciência, fecundidade, espera, concavidade, leveza, maciez, umidade, calor e proteção." e continua descrevendo esse universo em: "lago e não rio, gruta e não planície, terra e não chuva, cheio de atalhos e não direto."
É uma coletânea de dezesseis contos de várias origens: árabe, tibetana, turquestana, irlandesa, armênia, caucasiana, brasileira, persa, indiana, cigana, chinesa e grega.
Não sei qual deles é o mais bonito! Posso dizer que todos tem uma lição que dará margem à reflexão e compreensão do ser mulher.
Fica aqui mais uma sugestão para quem deseja mergulhar no mundo dos contos, que são contados e recontados para nos despertar no mais íntimo do nosso ser!
 

24 maio 2016

Contos e Lendas da Europa Medieval

Livro que faz parte de uma magnífica coleção de quinze títulos sobre o universo dos contos e lendas (gregos, africanos, egípcios, brasileiros, árabes, vikings, Roma antiga, Hércules, jogos olímpicos, cidades e mundos desaparecidos e cavaleiros da Távola Redonda).
Com texto de Gilles Massardier e ilustrações de Arnauld Rouèche será possível transitar por entre dragões, cavaleiros, lobisomens, monges, contadores de histórias, princesas, fadas e é claro, o diabo, que não poderia faltar! O clima criado é fantástico, onde a imaginação e o sobrenatural abusam de seus poderes.
São onze contos muito interessantes e se você, como eu, gosta do imaginário medieval, vai adorar cada página! Tudo é descrito com muita propriedade por Gilles, um professor de história, que tem interesse pela literatura medieval desde criança, talvez por isso sua narrativa seja tão agradável e envolvente!
Fica aqui mais uma dica para enriquecer sua biblioteca pessoal.