Acredito em fadas, gnomos, gênios, sacis, reinos encantados, mundos paralelos e na responsabilidade da palavra.
Por reconhecer o poder que ela exerce sobre nós, tenho como critério a qualidade do conteúdo na escolha dos livros que recomendo. Busco material que possa contribuir para o aprimoramento humano.
Desde 2010 faço um trabalho de garimpo, recolhendo "pedras preciosas" que identifico com meu olhar atento.
Este é um projeto independente, no qual não mantenho vínculo de divulgação com editoras, livrarias ou escritores. Os livros compartilhados são adquiridos por mim e fazem parte do meu acervo particular.
Sejam bem-vindos!

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09 setembro 2021

Quando os Pais se Separam - uma terapia para a criança

Quando acontece o inevitável divórcio, todas as pessoas envolvidas se veem numa situação difícil. O casal e os filhos experimentam sentimentos, muitas vezes antagônicos. A insegurança e a tristeza não faltam para serem administradas. Os adultos, tem a responsabilidade de conduzir da melhor forma possível os fatos, preservar e proteger a integridade dos filhos. As crianças precisam de espaço para manifestarem seus sentimentos e conflitos internos. Receber atenção, para poderem viver todo o processo, com o amparo necessário.
Este livro tem a finalidade de servir de estímulo  para que conversas à respeito dos sentimentos infantis possam acontecer, pois aqui a escuta atenta e o acolhimento são fundamentais para a superação da transição.
No entanto, nem sempre os pais se percebem seguros para estes diálogos, pois também estão num processo difícil. Sendo assim, ter um suporte de orientação, para que haja melhor condução das  vivências, pode ser de grande benefício.
Os temas aqui pontuados falam das mudanças que ocorrem; do sentimento de culpa que alguns filhos podem desenvolver, acreditando que causaram a separação; do amor permanente dos pais pelos filhos; da variedade de sentimentos que afloram; da importância da expressão dos sentimentos; do valor das conversas com pessoas de confiança sobre o que acontece; da tristeza que os pais também sentem; do desejo dos filhos de que os pais se reconciliem; dos benefícios de se conversar com os amiguinhos sobre sua situação; de viver em duas casas diferentes; da dificuldade de estar entre duas pessoas que estão em conflito; da preocupação que as crianças podem apresentar em relação aos sentimentos dos pais separados; do relacionamento de novos parceiros dos pais;  a certeza de que tudo pode melhorar, se houver esforço e dedicação neste sentido.
As ilustrações são belas e afetivas, onde os personagens são simpáticos duendes, levando o leitor para um ambiente aconchegante, o que facilita a interação com o tema.
A autora do texto é Emily Menendez-Aponte, bacharel em Psicologia e mestra em serviço social, com experiência no aconselhamento de famílias e crianças por 10 anos.
O autor das imagens é R. W. Alley, que além de ser ilustrador, também é autor de livros infantis.
Este livro faz parte da coleção TERAPIA INFANTIL, que contém cerca de 43 títulos. Vale a pena conferir!


27 agosto 2021

Ifá, o Adivinho

 

Reginaldo Prandi, nos traz neste livro histórias dos deuses africanos, que vieram para o Brasil com os escravos.
Conta ele, que vivia num povoado africano um adivinho chamado Ifá. Ele lia a sorte das pessoas, através de dezesseis búzios mágicos numa peneira.
Ifá ensinava as pessoas como resolver suas dificuldades, mas o que mais gostava era ajudar seus consulentes a se defender da morte. Quando ela estava por perto, Ifá avisava e ensinava como mandar a morte embora.
Com o tempo, a morte foi se irritando com Ifá, que vivia atrapalhando-a e passou a persegui-lo. Se ela conseguisse acabar com o adivinho, as pessoas ficariam à sua mercê. Por isso Ifá recebeu ajuda para escapar da temida morte. 
Nesta narrativa encontramos Euá, Oxossi, Ogum, Xangô, Oxum, Exu, Oxalá, entre outros.
Existe aqui rico conteúdo sobre os personagens míticos africanos, pois Prandi, como sociólogo, professor de sociologia, grande estudioso e pesquisador sobre sociedade, cultura brasileira e mitologia afro-brasileira, tem plenas condições de pulverizar este conhecimento com maestria.
Ele trata toda a narrativa com leveza e humor, o que possibilita ao leitor se aproximar deste tema ainda temido pela maioria das pessoas, que é a morte.
Pedro Rafael, que é artista plástico, restaurador e ilustrador, traz à obra muita beleza através de sua arte.
No final do livro podemos nos familiarizar com os orixás cultuados pelo povo africano chamado iorubá, através de uma generosa lista com sua descrição. Além disso, Prandi também conta como os negros africanos trouxeram para o Brasil seus deuses, e refizeram sua religião.
Como sempre, Reginaldo Prandi traz conteúdo riquíssimo para quem quer mergulhar neste universo tão belo e profundo, que é o culto aos orixás.





22 julho 2021

Minha Querida Assombração


Paulo, um sociólogo, que trabalha num instituto de pesquisa, tira férias e leva seus quatro filhos para passarem uma semana numa fazenda antiga do interior. 
Como ele havia enviuvado cedo, era um pai dedicado e sabia que para as crianças seria uma aventura estar numa fazenda antiga preservada como era nos velhos tempos.
Lá eles viveram momentos muito agradáveis, sem que lhes faltassem histórias de suspense, mistérios da tradição caipira contadas por dona Santa, a proprietária da fazenda e anfitriã. Paulo e as crianças ouviam as histórias sempre antes de irem para cama, cada noite era uma história diferente, mas todas de meter medo, principalmente de assombração.   
O autor, Reginaldo Prandi, é paulista de Potirendaba, professor de sociologia na Universidade de São Paulo e escritor. Tem vários livros publicados, como Mitologia dos Orixás, Jogo de Escolhas, Os Príncipes do Destino, entre outros. 
Prandi, quando era criança ouvia histórias contadas  pela sua avó paterna, e sua tia-avó Rosa. Eram eximias contadoras de histórias de meter medo!
O autor diz que as histórias deste livro eram muito conhecidas no interior de São Paulo e em muitas outras partes do Brasil. Algumas também foram registradas em Portugal, Itália, Espanha e outros países com que compartilhamos nossas tradições. Para quem se interessa pela cultura caipira paulista, ele sugere o livro Conversas ao Pé do Fogo, de Cornélio Pires, publicado em São Paulo, pela Editora Piratininga, em 1921.
Neste livro, Reginaldo Prandi, reuniu histórias que fazem parte do patrimônio cultural da região onde nasceu. Ele defende a ideia de que "quem não prova do medo não aprende a arte da coragem". E penso que ele tem razão, para fortalecermos nossa coragem, aprender a enfrentar o medo, pode ser um meio bastante eficaz. Só um cuidado deve ser tomado: o de não se deixar dominar pelo medo, quando enaltecido pela imaginação.
Gosto da abordagem de Prandi, sua narrativa é bastante agradável e bem estruturada e sempre faz comentários muito ricos, pois, sendo sociólogo, faz análises muito interessantes sobre o tema que escreve, dando margem a uma compreensão maior do enredo e suas causas, onde neste livro, se fazem através do personagem Paulo, que por exemplo, num determinado trecho da história A Noiva da Figueira diz; "... as histórias que o povo conta, mesmo as que falam de assombração, costumam aprovar ou criticar certos comportamentos e modos de pensar."
As ilustrações são de Rodrigo Rosa, que nasceu em Porto Alegre. Formado em jornalismo pela PUC/RS, é designer gráfico, ilustrador e cartunista. Fez ilustrações para publicidade, recebeu diversos prêmios em salão de humor nacionais e internacionais.
Este é um livro bastante rico na tradição caipira, com histórias de medo, suspense, mistério e que tem um desfecho surpreendente. Imperdível!


13 maio 2021

Omo-Oba, histórias de princesas


Omo-Oba traz histórias de princesas, contadas e recontadas pelo povo iorubano, e afro-brasileiro. 
Kiusam, autora do texto, diz que "todas as histórias antigas, quando infinitamente recontadas, podem ser interpretadas de diferentes formas, porque, ao recontá-las, cada pessoa reforça o conhecimento de que mais necessita" e neste livro ela reforça características, que acredita, possam incentivar meninas de todos os tempos a se conscientizarem de seus potenciais.
Encontramos aqui as histórias míticas de seis princesas. Oiá, que tinha como atributos a beleza, a graça, a rapidez, a genialidade, determinação, espírito guerreiro e um conhecimento que ninguém mais possuía: era capaz de se transformar em animais, dentre eles, o búfalo, aquele que ela mais gostava. Oxum, que trazia os atributos da beleza, vaidade, atrevimento, determinação também e maternidade. Iemanjá, a Rainha do Mar, exibia beleza, a maternidade, tranquilidade, equilíbrio e determinação. Olocum, menina linda, porém triste e misteriosa, tinha atributos como a introspecção, a contemplação, a timidez, a quietude e era anfíbia! Ajé Xalugá, a irmã caçula de Iemanjá, era igualmente bela, vaidosa, impetuosa, curiosa, orgulhosa, determinada, corajosa, princesa de muito poder. Oduduá, guerreira determinada, rápida, que saia em busca de tudo o que desejava.
Todas as princesas que trazem suas histórias são modelos femininos de beleza, determinação, inteligência, coragem, com potencialidades únicas, que as tornavam poderosas, por realizarem a natureza que lhes competia e caracterizava. Penso que esta fidelidade aos seus talentos e identidade é que as tornam modelos femininos de referência.
Quem escreve é Kiusam de Oliveira, paulista de Santo André. Tem Doutorado em Educação pela Universidade de São Paulo. É bailarina, contadora de histórias e escritora engajada na valorização da autoimagem negra e da mulher na sociedade. É defensora da vida plena na diversidade. 
As belas ilustrações e capa são autoria de Josias Marinho, desenhista e arte-educador, formado pela Escola de Belas Artes da Universidade Federal de Minas Gerais. Nasceu no Estado de  Rondônia, em uma pequena cidade à margem do Rio Guaporé, chamada Real Forte Príncipe da Beira.





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29 abril 2021

Além do Que se Vê


Além do que se vê? Sim! Esta é a proposta de Sami Ribeiro.
Ele traz seu primeiro livro autoral, com entusiasmo e delicadeza, características muito claras em seu trabalho como ilustrador e designer.
Neste livro, o leitor é convidado a "não olhar com olhos acostumados", como diz Sami. E isto quer dizer que, desde muito cedo somos incentivados a olhar para o que nos cerca através de padrões, com os quais nos acostumamos e sem perceber, vamos perdendo a sensibilidade de enxergar com profundidade e amplidão ou seja, com aquele olhar contemplativo, que busca conhecer com proximidade e liberdade, pronto para assimilar o que perceber e assim alimentar a imaginação e ler o que o olhar alcançar, com a vivacidade de quem olha para ver a multifacetada manifestação de vida. Coisa de poeta! Sim, porque o olhar contemplativo é base fundamental para criação poética, sabia?
Sami escreve o texto e esbanja talento utilizando desenho com lápis de cor,  recorte,  colagem e  intervenção de objetos, onde biscoito se torna roda de caminhão, banana, vira canoa de índio, macarrão, é uma gravata borboleta, alho, não é mais alho, mas peixinhos aos montes, botão super cor de rosa, que agora é o nariz de uma linda porquinha, cor de rosa também, é claro! E assim por diante, a imaginação corre solta a ver formas, treinando o olhar que não se acostuma ao que se diz como é, mas que brinca a buscar o que pode ser, olhando pra vida de uma forma poética e bela.
Sami Ribeiro é Designer e Ilustrador freelancer. Depois de terminar o Magistério e Desenho Industrial, começou  a desenhar em livros e até hoje registra seus traços com sensibilidade e harmonia.
As composições de imagem criadas por Sami foram fotografadas por Elder Junior e o resultado você pode ver aqui no Além do Que Se Vê!





18 março 2021

Coragem Para Seguir Em Frente

Lama Michel Rinpoche nasceu em São Paulo em 1981. Aos cinco anos conheceu seu mestre Lama Gangchen Rinpoche e devido a sua clara conexão com o budismo, recebeu de Lama Gangchen o nome tibetano Jangchub Chopel Lobsang Nyentrag, que significa Mente Ilustre que Difunde o Dharma com Sucesso.
Anos depois, viajou por lugares sagrados no Tibete, Índia, Nepal e Indonésia. Foi reconhecido como detentor de uma linhagem de mestres tibetanos.
Aos 12 anos, por decisão própria, tornou-se monge e passou a viver no Monastério de Sera Me, no sul da Índia, uma universidade monástica dedicada a estudos da Filosofia Budista Tibetana. 
Hoje vive na Itália, assumindo responsabilidades espirituais e administrativas na Lama Gangchen World Peace. Foundation. Seu mestre Lama Gangchen faleceu em 2020.
Desenvolve palestras, ensinamentos e orienta atividades espirituais de inúmeros centros e grupos de estudos budistas no Brasil e Europa, como o Centro de Dharma da Paz e o Vida de Clara Luz em São Paulo.
Seus ensinamentos e sua presença são uma grande contribuição para o desenvolvimento de uma cultura de paz.
Este livro é a transcrição de sua palestra sobre como cultivar a coragem para seguir em frente, realizada em junho de 2006, e a compilação de poemas escritos quando tinha 15 anos. Todo este material é altamente inspirador para o leitor ter clareza e determinação para mobilizar recursos internos diante de situações desafiadoras. 
A coragem é gerada quando reconhecemos o quanto algo é importante para tornar nossa vida significativa.
Por maiores que sejam as interferências externas, ainda não são suficientes para desviar-nos do caminho de aprimoramento interno.
Creio que este livro pode ser um bom incentivo para jovens a seguirem em frente, inspirando-se em um jovem Lama.
Termino com trecho de um dos poemas de Lama Michel, que ilustram bem a essência do livro.

"Procurei e revirei
 todo o mundo de tocar.
 Procurei e revirei 
 todo mundo de pensar.

 E cheguei à conclusão
 que é impossível encontrar
 algo belo como a mente
 que conseguiu se libertar."

No livro uma foto de Lama Michel aos 13 anos



No livro uma foto de Lama Gangchen Rinpoche




04 março 2021

Lina - Aventuras de uma arquiteta -

Este é um livro fantástico! Conta a história de Lina Bo Bardi um dos maiores nomes da arquitetura mundial, que uniu arquitetura, política e cultura popular. Uma idealista que rompia com o tradicionalismo, transpondo barreiras entre o erudito e o popular. Dizia: "Vejo a cultura como convívio, comer, sentar, falar, andar, ficar sentado tomando um pouquinho de sol. Arquitetura não é somente uma utopia, mas é um meio para alcançar certos resultados coletivos." Lina tinha uma abordagem poética no seu fazer e ao se referir ao Brasil declarava sua total integração. Ela nasceu em 1914 em Roma, mas foi no Brasil que fez acontecer sua obra arquitetônica. Declarava: "Existem belas almas e almas menos belas. Em geral as primeiras realizam pouco, as outras realizam mais. Existem sociedades abertas e sociedades fechadas. A América é uma sociedade aberta, com prados floridos e o vento que limpa e ajuda. Assim numa cidade entulhada e ofendida, pode de repente surgir uma lasca de luz no sopro do vento." 

Ángela León, que escreveu e ilustrou, a bela história de Achillina Bo, que se tornaria Lina Bo Bardi, de forma bela e detalhada, mostrando o trajeto de uma mulher que não esmorecia diante de obstáculos, mas que insistia em realizar seus ideais através de seu trabalho, com uma flexibilidade e adaptabilidade a servir de referência. Ángela conta aqui o desenvolver da vida de Lina, que realizou projetos muito significativos para a coletividade, como o Masp, Sesc Pompéia, Teatro Oficina, Casa de Vidro, Museu de Arte Moderna da Bahia, o MAM-BA, entre outros. 

Esta é uma obra que recomendo com ênfase. Foi uma grande satisfação encontrá-la numa livraria onde procurava por um autor específico, mas que quando vi este livro não tive dúvida que me encantaria e poderia encantar outras pessoas, pela riqueza que expõe em cada palavra e ilustração.

Ángela León nasceu na Ilha de Maiorca, mas cresceu em Madri e se formou em design industrial. Realiza projetos artísticos no espaço público em diversos países. Escreve e ilustra livros direcionados para a cidade e a infância no Brasil e na Itália.

Se quiser mais detalhes sobre Lina Bo Bardi procure no Youtube dois vídeos muito bem elaborados sobre a obra dela.
 - Primeiro Tempo/ Sesc Pompéia 30 anos
 - Arquiteturas: Sesc Pompéia
Há também um livro de autoria de Lina, intitulado "Obra construída".














21 janeiro 2021

Oficina Mágica do Tio Árvore - livro de colorir

Alex Barbosa é Tio Árvore. Ele faz baleias esculpidas, autômatos, miniaturas, brinquedos, obras de arte em geral, tudo em madeira. E como se não bastasse , é também luthier.
Dani Zanelato é bióloga mas encontrou nas artes seu caminho. Trabalha com cerâmica, tecidos, lãs, linhas, tintas, encadernação artesanal e ilustração de livros.
Este é o segundo livro de colorir que Dani ilustra. O primeiro eu já trouxe pro Livros Vivos, é O Mundo Mágico de SemFim, que está na postagem do dia 14 de dezembro de 2020. Veja lá!
Uma ideia boa que surgiu destas pessoas ímpares é transformar as obras em madeira de Tio Árvore em personagens de histórias muito criativas, para colorir!
Você pode ver nas fotos, que ilustram este post, as cenas e a peça em que Dani se baseou para deixar sua imaginação solta e criar enredos onde tudo pode no mundo da imaginação.
Este livro de colorir é artesanal, de produção independente, o que eu valorizo muito. Acredito que toda autoria independente deve ser valorizada e incentivada, pelo esforço, idealismo e desprendimento que solicita.
Se desejar adquirir um exemplar entre em contato com Alex Barbosa no seu Instagram, @tio_arvore .
E se acessar @semfimdanizanelato, conhecerá mais trabalhos de Dani Zanelato, no seu Instagram.







Tio Árvore com página colorida por ele

Dani Zanelato